
Uma vez eu li um livro (Grogue, do Toni Brandão, recomendo) que dizia alguma coisa sobre ouvir a mesma música varias vezes ser uma forma sutil de esquizofrenia. Lembrei disso agora porque passei a semana toda gritando que dentro do meu coração cabe uma penteadeira. E como estou numas de me perguntar o porquê de tudo fiquei aqui imaginando porque me aproximei tanto da esquizofrenia nesses últimos três dias. É uma estrofezinha que se repete por 6 minutos e ecoa na cabeça por dias… A banda mais bonita da cidade apaixona. Apaixonou 22.515 pessoas entediadas do Facebook. Fez burburinho no mundo do trabalho. As pessoas não curtem que venham bulir no seu tão amado mundo cinza do trabalho: "coisas manjadas", "parece Beirut", "parece Belle & Sebastian" "tem todos os ingredientes básicos do 'ame ou odeie' ".
Eu, que não entendo nada de nada e posso dizer com propriedade nesse assunto "nada com nada", acho que sentimos uma falta tremenda de colocar a saia rodada, e cantar sobre amor com os amigos num tom sépia, vivendo novamente em plano sequência. Fazia tempo que não vivia em plano sequência. Porque parece que vivemos em takes. De repente vem alguém e grita "corta!". Corta pro chuveiro, corta pro trem, corta pra faculdade, corta pro trabalho, corta pro travesseiro. É o desperta-dor chamando. Pronto, acabou teu dia, companheiro.
Acho que no fundo, todo esse amor é uma mostra de nostalgia coletiva. Saudade de alguma coisa lá atrás que a gente não sabe bem o que é, mas, que bem lá no fundo, sabe muito bem o que é. Disseram que o mundo ia acabar e 22.515 pessoas ficaram com vontade de colocar no coração tudo o que não cabe na dispensa.
Eu, que não entendo nada de nada e posso dizer com propriedade nesse assunto "nada com nada", acho que sentimos uma falta tremenda de colocar a saia rodada, e cantar sobre amor com os amigos num tom sépia, vivendo novamente em plano sequência. Fazia tempo que não vivia em plano sequência. Porque parece que vivemos em takes. De repente vem alguém e grita "corta!". Corta pro chuveiro, corta pro trem, corta pra faculdade, corta pro trabalho, corta pro travesseiro. É o desperta-dor chamando. Pronto, acabou teu dia, companheiro.
Acho que no fundo, todo esse amor é uma mostra de nostalgia coletiva. Saudade de alguma coisa lá atrás que a gente não sabe bem o que é, mas, que bem lá no fundo, sabe muito bem o que é. Disseram que o mundo ia acabar e 22.515 pessoas ficaram com vontade de colocar no coração tudo o que não cabe na dispensa.
Às vezes, você não vive. Você não percebe, mas o que você vem fazendo é SOBREVIVER. Uma sobre-vida. Vivendo de sobras. As sobras dos outros pra você, conformando-se em ter relações superficiais nas quais ninguém se machuca e ninguém é feliz também. E você se conforma com a cartela de cores que o cotidiano impõe (nos edifícios cinza, nas malhas em tons de roxo e no verde-pálido de quem nunca vê sol). E você nem reclama da programação de domingo da tv. Seu domingo é nulo, não é dia de nada, não é dia de ninguém. Talvez do Faustão. Você vai se contentando com o sanduíche no trem e com o suco de caixinha. Se esquece do gosto da lasanha, porque só faz lasanha se for no microondas. Acostuma com o mundo do trabalho e da produtividade, sem descansar. Você chega a se contentar com a pouca intimidade que tem com seu próprio travesseiro. Que não ouve nem seus problemas, nem suas soluções, quanto mais os seus sonhos…
Aliás, quanto tempo faz que você não sonha à cores?
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